O prefeito de Ilhéus, Mario Alexandre do PSD/55, juntamente com o seu candidato à sucessão Bento Lima foram alvos nesta quinta-feira de uma operação da Polícia Federal. Batizada de “Barganha”, a operação investiga vários agentes públicos que juntamente com Bento e Marão são suspeitos de praticarem crimes de corrupção, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal, Agentes da PF estiveram no gabinete do prefeito, em sua casa, na residência de Bento Lima (ex-secretário municipal de Gestão e candidato a prefeito apoiado por Marão) além de buscas na casa do ex-Procurador Geral do município, Jefferson Domingues Santos, e ainda de outras duas pessoas e duas empresas, suspeitas de estarem envolvidas no esquema.

Segundo divulgado pela imprensa de todo o Brasil, foi também encontrado na casa de um dos envolvidos mais de 900 mil reais em espécie. Mandados semelhantes também foram cumpridos nas cidades de Itabuna, Vitória da Conquista, Salvador e Lauro de Freitas.

DELAÇÃO PREMIADA

A partir de delação de um colaborador, a Justiça tomou conhecimento que Marão negociou recebimento de propina em contrato de serviços na coleta de lixo, onde foram constatadas diversas irregularidades.  De acordo com o denunciante, Marão ficaria com metade do lucro obtido pela empresa contratada para esse serviço. Também houve desvio de recursos federais destinados ao enfrentamento da pandemia da Covid- 19. 

As investigações revelaram que Bento Lima era o responsável por receber a propina destinada ao prefeito a partir dos recursos usados pela Prefeitura para manter um hospital de campanha montado durante a pandemia.

Para os investigadores, Mario Alexandre é o chefe de uma organização criminosa que negociava propinas com empresários em troca de contratos de prestação de serviços.

MAIS DE 90 MILHÕES

De acordo com a Justiça os investigados vão responder pelos seguintes crimes:

• Frustração do caráter competitivo da licitação;
• Fraude em licitação ou contrato;
• Corrupção passiva;
• Corrupção ativa;
• Falsidade Ideológica;
• Organização criminosa;
• Lavagem de dinheiro. 

As investigações preliminares revelam que os contratos fraudulentos podem ultrapassar os R$ 90 milhões, sendo que a Justiça já determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados.

EXPLICAÇÃO

Em nota divulgada pela sua assessoria de comunicação, Marão se defende e afirma que não foi encontrado dinheiro nem na sede da Prefeitura nem em sua casa, e acusa seus adversários de fazerem uso político da situação vez que, “estamos há 10 dias das eleições e eles estão se aproveitando para divulgar a operação de forma sensacionalista”, enfatizou.

DIVERGÊNCIAS NO PARTIDO

Diante desse escândalo, a Executiva Estadual do PSD (Partido Social Democrático) divulgou nota onde informa que está acompanhando “atentamente" as publicações na imprensa e que vai instaurar um procedimento interno para apuração dos fatos e defendeu ainda que Bento Lima retire sua candidatura.  No texto, é ressaltado que “tal orientação está alinhada com os princípios de ética e transparência que o partido defende, tanto na Bahia quanto em âmbito nacional, visando preservar a integridade e os valores do PSD".

Já a nível municipal, o PSD Ilhéus defende a manutenção de candidatura ao ressaltar que “nesta reta final de campanha, após inúmeros ataques covardes proferidos contra a candidatura de Bento Lima, devido ao crescimento nas pesquisas e à força demonstrada durante a caminhada, o PSD Municipal, ratifica o apoio à sua candidatura. Com uma base sólida formada por partidos aliados, incluindo Podemos, Republicanos, Agir, PMB, MDB, PSDB, Cidadania, Avante e o próprio PSD, a coligação 'Ilhéus da gente, pra cima, pra frente' continua a crescer e fortalecer sua presença junto à população”.